quarta-feira, 30 de maio de 2012

INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A GREVE E A SITUAÇÃO DOS DOCENTES!!!

Oficialmente a posição da Associação de Docentes do CEFET/RJ é greve declarada para início no dia 31/05 sem duração indeterminada. De 59 universidades federais, 41 já aderiram à greve, além do CEFET/MG e alguns Institutos Federais. Aqui no Rio, aderiram a UFF, UFRJ, a UFRRJ e a Unirio, naturalmente a UERJ não entra nessa jogada pois é estadual. Agora o CEFET entra na lista.


MOTIVOS DA GREVE NACIONAL:

+ Reestruturação da carreira: É o principal objetivo... a carreira docente é uma zona hoje. Tem professor fazendo a mesma coisa, com a mesma formação, com 40% de diferença de salário. Hoje a carreira docente tem uma progressão (aumentos de salário com tempo de serviço) muito complicada. Não fica muito claro o que dará aumento a eles, o que melhora suas carreiras e etc... Em função disso, os professores querem unificar a carreira de professor desde o ensino médio até o doutorado em 13 níveis, sendo que entre cada nível haverá a diferença de 5% no salário tendo como salário inicial um valor por volta de R$ 2.400,00 para o prof. de 20 horas mais a gratificação por titulação( ter mestrado, doutorado e etc...).

+ Incorporação das gratificações ao salário-base: Por Lei o salário não pode ser diminuído, só que quase 50% do salário deles é composto por gratificações. Os professores recebem um salário básico mais benefícios, que no final torna o salário deles razoável (por volta de R$ 11.000,00 no fim de carreira). O problema é que estes benefícios podem ser mexidos facilmente pelo governo, mantendo-os no cabresto. Para acabar com essa vulnerabilidade, eles pedem a incorporação de todos os benefícios ao salário base, recebendo apenas dois valores: salário base e gratificação por titulação.

+ Aumento de 4% no salário:  Esse era um pedido provisório, de forma emergencial.

+ Melhorias de condições de trabalho: O governo pediu para todas as faculdades públicas aumentarem a quantidade de vagas e em troca, receberiam mais verbas. Nas universidades isso foi chamado de REUNI, no CEFET foi chamado de PRONATEC. Com o REUNI, programa de expansão da oferta de vagas nas universidades públicas, entrou uma massa bem maior de alunos nos vestibulares. Acontece que o governo não autorizou contratação de professores suficiente, nem recursos para mais laboratórios, nem infra-estrutura, mas andou divulgando que aumentou muito o acesso ao cursos superior... Os professores reclamam e pedem solução para essa falta de investimento. O CEFET não estava incluído no REUNI, mas sofre as mesmas consequências em função dos pedidos do governo de aumentar a oferta de vagas. Desta forma, é um problema que todos sofremos, porém, por motivos diferentes.


E A MEDIDA PROVISÓRIA ?!?!?!
O que revoltou os professores e estourou a greve, é que no dia da Assembléia que cada universidade faria para saber se entrariam em greve, o governo lançou 2 horas antes uma Medida Provisória dando alguns benefícios aos professores. A entrada na greve precisou ser abortada para que os professores pudessem avaliar a MP. Nesta MP vinha o aumento de 4% e união das gratificações (ráááááá pegadinha do governo!!!). Foi só uma estratégia para atrasar a greve. Ao mesmo tempo a mídia divulgou que "os professores conseguiram o aumento que tanto queriam", para tentar desmoralizar a greve e colocar a sociedade contra os docentes. Mas a mais importante reivindicação é a reestruturação da carreira, que foi deixada de lado com outros itens acima citados. Com isso, os professores começaram a anunciar a greve nas Universidades.


E os PROFESSORES que NÃO IRÃO ADERIR à greve ?!?!?!
Primeiro vamos aos tipos de professores que temos no CEFET. Resumindo, temos três carreiras:
+ Magistério Superior (20 horas): é o que tem um emprego e decide dar aula como um complemento, porque gosta, porque melhora o salário, enfim... dar aula não é o seu sustento.
+ Magistério Superior de Dedicação Exclusiva (40 horas): como o próprio nome já diz, não pode nem sonhar em ter outro emprego. A função dele é Ensinar e Pesquisar, EXCLUSIVAMENTE no CEFET. Ou seja, deve estar aqui todos os dias da semana, 8 horas por dia. A não ser que esteja pesquisando em algum laboratório de outra Universidade em algo relacionado ao CEFET.
+ Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT): é o professor que dá aula para médio e técnico e também pode dar aulas para graduação. Temos muitos assim na nossa graduação.

Como toda greve, tem uns profissionais que por algum(s) motivo(s) não aderem, estão entre eles os que:

-> Não sabem o que está acontecendo: professores que estão por fora de tudo, apóiam sem saber o porquê, ou são contra porque acham que greve é coisa de arruaceiro e prejudica os alunos (mas dão aula de qualquer jeito, dizem que são prejudicados pelo governo "justificando" a falta de estímulo para dar uma boa aula, e por isso agem desta forma na sala de aula... como se isso não fosse prejudicial aos alunos).

-> Têm trabalho externo: professores que têm emprego por fora e por isso não dependem exclusivamente do salário da faculdade para sustento. Não se preocupam tanto com a carreira na universidade quanto os DE’s, e não se importam com os salários e carreira de seus colegas.

-> Desenvolvem pesquisas com prazos: professores, principalmente da área de exatas, envolvidos em pesquisa que possuem um prazo fixo para entrega de resultados, sendo estas bancadas por empresas (casos da UFRJ e UFF principalmente) ou bancadas por dinheiro de Editais da FAPERJ, CNPq e etc... (caso das Universidades e do CEFET). Por estarem presentes obrigatoriamente nas IFES para as pesquisas, optam por aproveitar para continuarem dando aulas e garantir suas próprias férias de Julho sem precisar dar aula caso a greve se estenda por mais que algumas semanas.

-> Anti-política: não quer se envolver com política. Não duvidamos que hajam partidos no meio dessa jogada. Porém, de fato os professores foram precisam da greve - o governo prometeu em abril do ano passado algumas coisas que cito abaixo, e o prazo de ser feito até abril deste ano passou e não foi feito - e se movimentaram. É meio absurdo achar que a greve não tem nenhum dedo político, da mesma forma que é absurdo esperar haver uma greve de proporção nacional que não haja um candidato a qualquer coisa tentando conseguir votos ao apoiar um dos lados.


A POSIÇÃO DO D.A. ?!?!?!
Não há influência boa ou ruim na questão de UTFRJ por conta da adesão ou não do CEFET à greve. Caso todas entrem, o CEFET entrar seria bem visto. Mas não é nada muio impactante. O MEC está enfraquecido diante disso. Já cansamos de tentar crescer para bater de frente com o MEC. Essa é uma oportunidade única das universidades junto com o CEFET, mostrarem que ele é grande mas não é dois. É um golpe que poderá facilitar nossa transformação quando o MEC perder toda essa "marra".
Outro fato é que, se todas as universidades e Instituitos Federais entram, o CEFET entrar é mostrar que está alinhado com a galera. Apesar de dentro de suas reivindicações, cada faculdade tem as suas particularidades.
O Diretório Acafêmico do CEFET/RJ até o presente momento apóia a greve.


E OS CT'S DAS UNIVERSIDADES ?!?!?!
C.T.’s são Centros de Tecnologia, são os centros responsáveis pelo ensino de disciplinas tecnológicas (basicamente engenharias). Os CT's tem certa resistência a entrar, em parte porque muitos de seus professores trabalham fora. E os professores envolvidos em pesquisas de empresas (ex: pesquisas da UFRJ para a Petrobrás) têm compromisso e continuarão ocupados.
O motivo de muitos CT's não pararem é que as pesquisas dos professores para as empresas recebem verbas privadas, então a greve não tem nada a ver e não afeta estas pesquisas. Em função disso, muitos professores continuam precisando se deslocar para a faculdade todo dia. E havendo alguns alunos, acaba rolando a aula porque o professor não pensa no coletivo.

Já o CEFET é praticamente um C.T., pois tem uma quantidade singficativa de cursos de engenharia, então, se justamente essa galera (alunos e professores) que não tem histórico de se mobilizar, não se movimentarem, vamos perder uma ótima oportunidade de melhorarmos as condições dos professores...


E OS ALUNOS E SUAS FÉRIAS ?!?!?!
Se nenhum aluno vier durante a greve, as aulas serão deslocadas todas para as férias. Se o CEFET não entrar em greve, as aulas continuam normais. Mas se houver a greve e os alunos continuarem a vir, haverão algumas aulas agora e outras não. Ou seja, o prof. que não aderir dá aula agora, o que aderir, dá aula depois, e o aluno vai ser prejudicado porque vai ter que vir ao CEFET agora e depois... o aluno fez questão de assistir aula agora sabendo que é inevitável assistir aula depois.


OS IFET'S TAMBÉM ADERIRAM ?!?!?!
Os IFET's tem professores EBTTs que irão se beneficiar da greve também. Porém, pelo fato das Universidades serem melhor articuladas, elas encabeçaram a greve... e temos alguns IFET's que aderiram.


E A RESPOSTA DO GOVERNO ?!?!?!
Até agosto o governo deve dizer na Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) quais gastos terá em 2013. O governo diz que os professores estão precipitados e até agosto tudo será resolvido, nada vai ficar pendente para 2014. Depois dessa afirmação eu não acho mais que deve haver greve. Ohhh... bobeira....

E OS ALUNOS QUE NÃO ASSISTIREM AS AULAS??? TERM PROFESSOR QUE DISSE QUE NÃO MUDARÁ O DIA DE PROVA....

Enquanto não houver um pronunciamento de paralisação do Calendário Acadêmico do CEFET, o professor pode cobrar presença e aplicar provas. Portanto até que saia esta notícia, aconselhamos que os alunos continuem assistindo aulas de professores que estão furando a greve. Porém, é comum as escolas/faculdades alterarem o calendário após receberem a notificação formal da entrada em greve por parte dos professores. Como a greve foi decidida ontem, este documento está fazendo o seu caminho dentro do CEFET para que haja a suspensão do Calendário Acadêmico. Quando isso acontecer, TODAS AS ATIVIDADES ocorridas durante o período de greve estão invalidadas e todo professor é obrigado a dar as aulas que não puderam ser dadas no período da greve bem como aplicar todas as provas que ocorreriam em período de greve. Se o professor dá a prova em período de greve, é apenas terror. E a prova após a greve não será P3, porque se o calendário foi suspenso, não há cobrança de presença então o aluno não faltou aula. Será P2 mesmo. 

TEM PREVISÃO PARA GREVE ACABAR... E OS FORMANDOS DE AGORA???

A greve tem duração máxima de 3 meses( porque após isso o salário pode ser cortado)... Ninguém vai deixar de ser formar e sim, pode ocorrer de atrasar um pouco. A expectativa é que a greve termine antes do RIO +20 pois há um planejamento de passeata para a data do evento e se o carioca foi proibido de andar em sua cidade para que os gringos não vejam o caos do trânsito, imagina como o governo vai se posicionar diante da possibilidade de uma passeata de professores universitários reivindicando melhores condições em suas carreiras na frente dos turistas? Por isso, há uma expectativa que a greve termine antes do RIO +20 ( 21 de junho). Mas vale lembrar que os professores estão desde 2005 esperando suas carreiras serem revistas... são 77 meses versus 1 de expectativa e no máximo 3 meses de duração.


Por que a greve acontece agora, no fim do período onde "só prejudica os alunos". Por que não em julho ou agosto?

Porque até o fim de agosto o governo deve terminar a Lei de Diretrizes Orçamentárias onde deve constar todo o gasto de 2013. Após isso, só para 2014. Mais de uma vez o governo tem chamado os professores para conversar em agosto justamente para argumentar que está muito em cima e não vai dar para inserir no texto até o fim do mês, assim o acordo fica para o próximo ano e cria-se um grupo para estudar a reestruturação de carreira. E sinceramente... de que adiantaria uma greve em julho??? Como todo mundo viajando e deligado do mundo, quando não há repercussão nenhuma. O motivo de ter estourado a greve agora é justamente o fato de até agora o governo não ter definido um acordo, o que indica que em agosto será a mesma história. E o governo diz " os professores estão precipitados... nós vamos resolver isso a tempo." 

Diretório Acadêmico do CEFET/RJ

Observação: Este texto utiliza dados numéricos e faz um cruzamento de informações de diversas fontes para cunhar a opinião do D.A. sobre a atitude de adesão ou não à greve. Os números bem como as descrições de atribuições e tipos de carreira são baseados em dados reais. Porém a visão, atitude e motivos da posição pessoal de cada tipo de profissional está totalmente aberta a outras interpretações bem como justificativas diversas. A visão apresentada no texto reflete o que, segundo as informações disponíveis, nos leva a crer que motiva a visão de não-adesão a uma greve de nível nacional para melhora das condições dos profissionais do setor imediatamente favorecido pela mesma. A função do D.A. não é única e exclusivamente jornalística, de modo a não poder apresentar sua opinião sobre os fatos noticiados. O D.A. emite sua opinião baseada no que seus membros acreditam ser o melhor para os alunos e não pode se esquivar de cruzar as informações disponíveis - por mais diversas fontes que possuam - para buscar entender os motivos intrínsecos a cada um que justifique sua posições diante de uma causa que afeta diretamente os alunos, professores e educação nacional. 

O D.A. não vê à sua disposição a atitude de se omitir em justificar sua posição, pois sua função é justamente buscar aprofundamento nos assuntos de sua área de atuação e divulgar o que julgar pertinente e de importância para aguçar o senso crítico dos alunos. Simplesmente veicular a posição do D.A. sem sua justificativa seria ineficiente além de ser um não cumprimento de sua atribuição. Estamos aberto ao diálogo para quaisquer dúvidas, discussões e opiniões divergentes.

Ass: Diretório Acadêmico do CEFET/RJ